sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Desejo

  

Quando eu morrer,
quero ser logo esquecida!
O céu há-de cobrir-se mostrando um dia diferente.
O vento soprará com mais força,
varrendo as minhas cinzas.
A chuva cairá,
apagando de todas as mentes,
a minha imagem.
Quando eu morrer,
simplesmente brilhará no céu mais uma estrela.
E nessa estrela continuarei convosco
e voltarei a ser eu.
Quando eu morrer e é assim que eu quero,
não haverá lágrimas.
Ninguém sentirá a minha falta.
Nem tu!

Confidência













Sigo com o olhar
a trajectória da caneta
que minha mão segura.
Sim...é fantasia imaginá-la
dançando uma valsa, rindo...
Mas é assim...e por isso escrevo.
Porque gosto de ler o que sinto.
Escrever é qualquer coisa,
nesta vida sem sentido.
É um estímulo
e eu preciso dele,
para viver, pensar...e sonhar
Sim. Porque também se podem fazer sonhos
num pedaço de papel!
Basta pegar na caneta e escrever.
E é por isso que eu escrevo!

Relógio











Correm lentos, indiferentes, os minutos.
No meu coração, relógio impassível,
soam horas.
Os ponteiros, meus olhos já cansados de tanto querer ver,
giram, inexoravelmente, no mostrador que é a minha alma.
Descansa um pouco!
Esquece que tens de seguir marcando o tempo...
Ouves? Soam horas!
Horas no meu coração.
Tal como eu só podes parar quando a corda se partir...
Pois parte-te corda.
Não quero ouvir as horas.
Deixa que pare o meu relógio.
Ouves agora?!
Há silêncio no meu coração!











Tenho dias assim...
Há em mim um mar tempestuoso,
que se agita revoltosamente, em ondas sufocantes.
Conheço bem esta sensação.
Há tempestade no ar...!
Algo ou alguém vai naufragar ou já se afundou num
mar de dúvidas e inconstâncias.
Sinto o frio gélido da incerteza a estilhaçar-me o coração.
Oh! mar dos meus sentidos...
quanto do teu mal é sal das minhas lágrimas!






Amor...
é o fio que escorre dos meus olhos
e que me prende a ti!
Amor...
é o grito do meu silêncio,
que esconde tudo
o que não posso dizer-te!
Amor...
é o que me impede de te dar,
toda a ternura que sinto,
que mato,
que calo,
porque tu não sabes como o aceitar...
Porque tu ... não me deixas amar-te!


Hoje apetecia-me...














Hoje apetecia-me que chovesse...
Sentir-me encharcada até aos ossos.
Mas não uma chuva qualquer.
Queria uma chuva de palavras nunca ditas,
de todos os afectos por expressar,
de todos  os afagos ainda por fazer,
de todos os gestos até agora não esboçados.
Hoje apetecia-me beijos poisados devagarinho, sobre a minha pele, como gotas de chuva miudinha a escorregarem pela superfície do meu corpo, levando consigo a mágoa e a tristeza  transbordando em  cada poro.

Hoje ... apetecia-me sentir a alma lavada!


Quem sou...não me lembro! 
Quem fui...quem me dera!
Sou e não sou,
aquilo que era.


Dispersa na areia,
do deserto da vida,
no meio do nada
caminho perdida.


Escondeu-se o sol
ao romper do dia,
e com ele se foi a minha alegria.
Ficou o cinzento,
da vida parada,
e caminho perdida
no meio do nada.


Quem sou...não me lembro!
Quem fui...quem me dera!
Sou e não sou,
aquilo que era.